Quanto tempo
falta para que o homem consiga comandar a casa num estalar de dedos? Não
falta tanto tempo assim. Um cientista inglês, por exemplo, implantou
chips no corpo para mostrar como o homem pode interagir com máquinas.
Ele anuncia que, no futuro, crianças com chips implantados no cérebro
vão aprender, em segundos, o que levariam anos estudando na escola.
Que cientista seria capaz de mutilar o próprio corpo em nome de uma
experiência científica? Eis o voluntário: Kevin Warwick, pai de dois
filhos, pesquisador-chefe do Instituto de Robótica da Universidade de
Reading, na Inglaterra.
Na sala 188 da universidade, ele tenta antecipar como será o futuro da
humanidade. O cientista enfrentou cirurgias para implantar chips no
próprio corpo. Imagens documentam o momento em que os médicos
completaram o implante, no braço esquerdo do cientista.
Com o chip dentro do corpo, ele poderia interagir com computadores e
acionar máquinas. O chip é uma peça minúscula, feita à base de silício.
Funciona como uma espécie de órgão do corpo humano.
Kevin Warwick se declara o primeiro cybercientista da história. Ao
enfrentar a experiência, o cientista diz que quer antecipar um futuro
fascinante. A Terra, diz ele, será um planeta povoado por seres humanos
que estarão fisicamente conectados a máquinas e computadores.
Geneton Moraes Neto: O senhor diria que um dia os chips serão parte de nosso corpo?
Kevin Warwick: As vantagens do implante de chips no nosso corpo são tão
grandes que não vejo como evitá-lo. Quem não quiser ter chips
implantados será considerado uma subespécie.
A primeira experiência com o chip deu certo. Com um simples gesto do
braço em que o chip foi implantado, o cientista acende e apaga luzes sem
sair do lugar.
Kevin Warwick: Depois do primeiro implante feito no meu braço passei a
ser reconhecido pelo edifício. Portas se abriam, luzes se acendiam
quando eu passava. O implante que fiz no braço pode ser usado como
identificação. Quem estiver com o chip implantado poderá ter o acesso
liberado em prédios de segurança máxima. Há outro chip que pode ser
implantado em criminosos como pedófilos, por exemplo. Toda vez que ele
se aproximar de um local como um shopping, as portas se fecharão. É um
uso possível.
O cientista aciona uma mão mecânica.
Kevin Warwick: Sinais emitidos pelo sistema nervoso central fazem com
que o computador movimente a mão-robô. Eis um exemplo de como homem e
máquina podem se transformar em um corpo só. A grande vantagem é que a
mão-robô não precisa necessariamente estar colada ao corpo. Conectado a
um computador através de um chip implantado no corpo, o sistema nervoso
pode movimentar a mão à distância, via internet. Você pode estar no
Brasil e a mão-robô na Grã-Bretanha...
O cientista não esconde a alegria ao movimentar uma cadeira de rodas com
o chip implantado no braço. Ele anuncia: quer ser o primeiro humano a
ter um chip implantado no cérebro, uma experiência radical.
Geneton Moraes Neto: O senhor vai usar seu corpo para futuras experiências científicas?
Kevin Warwick: Ter um implante no cérebro é o meu próximo passo. Quero
ser o primeiro a experimentar. Isso pode ser perigoso, mas sei que é
tecnicamente possível.
O primeiro cybercientista diz que a implantação de chips no cérebro
criará uma revolução na educação: as crianças aprenderão de outra
maneira.
Geneton Moraes Neto: Será possível transferir o conhecimento de um computador para o cérebro de uma criança um dia?
Kevin Warwick: As crianças serão educadas não nas escolas, como hoje,
mas através de chips que serão implantados no cérebro. A educação estará
em um software. A criança não precisará estudar matemática, fatos e
números. Bastará apertar um botão. O estudante aprenderá tudo
automaticamente.
O que vai acontecer nos próximos anos?
Como as máquinas estão se tornando mais e mais inteligentes, um dia elas
poderão governar o mundo, a não ser que nós humanos nos aperfeiçoemos e
nos tornemos parte das máquinas. Ou seja: teremos de ligar nossos
cérebros diretamente ao cérebro das máquinas.
O primeiro cyber-cientista chama a atenção para uma nova realidade: o
homem já criou uma super-máquina, onipresente em todo o planeta.
Kevin Warwick: É a internet. Não se pode desligá-la. Tecnicamente é
possível, mas na prática não é. Já existe, portanto, algo que não
podemos desligar. Nenhum governo, nenhuma organização militar pode
controlá-la.
Que tipo de conselho o senhor daria a uma criança ou a um jovem que sonha hoje em ser um cientista?
Se você olhar para o mundo tal como ele era há cem, duzentos anos, verá
as mudanças incríveis: jatos, telefones, televisão, rádio, coisas que
não existiam mudaram o mundo completamente. Se você é uma criança no
Brasil querendo saber como o futuro será, deixe a imaginação voar. Tudo é
possível. Se seus professores disserem: ‘Ah, essas coisas não vão
acontecer’, eles não sabem o que estão dizendo. Vocês, crianças, é que
farão o futuro acontecer. Vá e faça! Torne possível! Você, uma criança,
no Brasil, pode mudar o mundo!
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